Rafael Anjos Martins, de 28 anos, faleceu nesta quinta-feira (23), após lutar por 52 dias em coma. Ele foi vítima da ingestão de gin adulterado com metanol, adquirido em uma adega na Cidade Dutra, Zona Sul de São Paulo. Desde o diagnóstico de intoxicação por metanol, em 1º de setembro, Rafael permaneceu dependente de ventilação mecânica e não apresentou fluxo sanguíneo cerebral, estando internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Osasco.
O laudo médico confirmou a presença de 155 mg/l de metanol no corpo de Rafael. Especialistas consultados pelo g1 alertam que concentrações acima de 100 mg/l aumentam drasticamente o risco de coma profundo, lesão cerebral extensa e morte. A mãe de Rafael, Helena Martins, expressou seu alívio pelo “filho ter descansado”, em entrevista ao g1.
Os Perigos Ocultos do Metanol
O metanol, um álcool industrial presente em solventes e produtos químicos, é extremamente tóxico quando ingerido. Sua ação inicial atinge o fígado, que o converte em substâncias nocivas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico. Isso pode resultar em cegueira, coma, insuficiência pulmonar e renal, e até mesmo óbito.
Investigação em Andamento e Casos Crescentes
Um inquérito policial foi instaurado para apurar o caso. Na adega da Zona Sul, onde Rafael comprou o gin, foram apreendidas as duas garrafas consumidas e outras 14 lacradas para perícia. O governo de São Paulo já confirmou sete mortes por intoxicação por metanol, e a morte de Rafael ainda aguarda contabilização oficial.
Diogo Marques de Sousa, amigo de Rafael e auxiliar de produção, relatou ao Fantástico a compra das bebidas e a falta de desconfiança sobre a adulteração. “Eu acordei desesperado porque abri o olho e não estava enxergando nada, tudo preto e uma dor de cabeça muito forte”, contou Diogo, um dos primeiros a manifestar os sintomas. Horas depois, Rafael e uma amiga também apresentaram dor de cabeça intensa, confusão mental e problemas de visão.
Rafael foi prontamente hospitalizado, onde passou por procedimentos para remover a toxina do sangue, mas os danos cerebrais e ao nervo óptico já eram irreversíveis. Um áudio enviado por ele a uma amiga revela os primeiros sinais da intoxicação: “Está tudo rodando, parece que estou com a pressão baixa, sei lá”, disse ele ao acordar. A mãe de Rafael, em declaração emocionada ao Fantástico, classificou a situação como um crime: “Hoje é meu filho, amanhã não sei quem pode ser”.
Sintomas e Recomendações de Prevenção
O Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo alerta bares, empresas e estabelecimentos comerciais para redobrarem a atenção com a procedência dos produtos oferecidos. Os sintomas de intoxicação por metanol incluem ataxia, sedação, desinibição, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia, convulsões e visão turva, especialmente após o consumo de bebidas de origem desconhecida.
Em caso de suspeita, a busca por atendimento médico de emergência é crucial. A população pode localizar serviços de saúde na plataforma https://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/. Para apoio no diagnóstico e orientação, o Centro de Controle de Intoxicações (CCI-SP) está disponível pelos telefones (11) 5012-5311 e 0800 771 3733.
Fonte: G1
